Escola Firjan SESI repensa organização de Ambientes Educativos - Escola Firjan SESI

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A iniciativa foi pensada para valorizar o espaço como "Terceiro Educador"


Nos últimos anos, muitas foram as experiências inovadoras que arrumaram seus espaços educacionais de modo coerente com os seus princípios, diferenciando-se da “sala de aula” tradicional, Montessori (1939), Malaguzzi (2016), Dewey (1852-1952), Freinet (1978) dentre outros. Alguns ousaram mais, romperam totalmente com os padrões convencionais da época, outros reformaram significativamente o espaço escolar dentro das possibilidades que se apresentavam. Nesse ínterim, surgiram várias ideias de utilização intencional dos espaços, como as salas ambientes, as estantes abertas com materiais e jogos pedagógicos, os laboratórios de ensino, os cantos de trabalho, os ateliês e até mais recentemente as salas interativas conectadas às redes. Dessa forma, é um consenso afirmar que os espaços físicos da Educação Infantil devem ser coerentes com a proposta pedagógica, com a concepção de criança e infância e com os princípios educacionais inerentes à prática docente.

A priori, sinaliza-se a preocupação com o fato de diversas pesquisas apontarem que, “na educação infantil, é comum os arranjos espaciais não permitirem a interação entre as crianças, impossibilitando sua apropriação dos espaços através de objetos, desenhos e nomes” (Horn, 2004, p. 27).

Certos do compromisso com uma abordagem educacional que entenda os aspectos de aprendizagem e empregue metodologias ativas e participativas, é inconcebível pensar em um ambiente que não reflita as intenções de convite à comunicação, interação e investigação.

Mais recentemente, por meio de formações e benchmarking em instituições de referência, as Escolas Firjan SESI estão investindo em práticas que valorizam os recursos e ambientes voltados para a infância. Dessa forma, a abordagem utilizada nas escolas italianas de Reggio Emilia tem sido fonte de inspiração e reflexão.

A abordagem de ateliê, baseada na pedagogia das escolas de Reggio Emilia reconhece o espaço físico como um elemento fundamental no processo de ensino-aprendizagem, capaz de influenciar significativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, o ambiente é entendido como o terceiro educador. Com essa postura, o educador compreende que o espaço e os recursos oferecidos não são neutros, mas são “Linguagens para a aprendizagem” e só expressam os objetivos educacionais se forem utilizados de forma intencional.

Dessa forma, a abordagem que possui o pedagogo referência, Loris Malaguzzi, está auxiliando o corpo docente na busca de uma compreensão teórico-prática acerca de um trabalho que caminhe na direção de uma escola como um laboratório do pensamento, um espaço no qual a criança possa interagir, construir hipóteses, pesquisar e criar. A referência ao estado de ateliê é a concepção ampliada de espaço de aprendizado que se contrapõe ao espaço fechado e delimitado e caminha para a ideia de espaço relacional, em que as paredes não sejam um impasse ao potencial da criança. Desse modo, o estado de ateliê está presente em sala, com recursos, materiais e materialidades disponibilizadas para enriquecer as propostas, bem como, por meio da utilização de ambientes ao ar livre em que o maior recurso é o contato com a natureza, em que experiência de aprendizagem se intensifica e o território é, por excelência, ocupado pela criança e por ela ressignificado.

Além da intenção pedagógica dos professores e pedagogos há a posição dos diretores escolares que compreendem a importância do investimento e em como a comunidade escolar reconhece as melhorias, que tem relação direta com a qualidade educacional e a identidade das escolas SESI.

Lílian de Santana, analista de Educação, diz que a iniciativa revela um trabalho contínuo, de muita formação e diálogo com os educadores e gestores. “A partir dos eixos estruturantes da educação infantil, que são as interações e as brincadeiras, a Base Nacional Comum Curricular estabelece seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se. Os currículos, como expressão das rotinas, metas, filosofia e intencionalidades de uma escola não pode ser atravessado por espaços que não refletem seus ideais. Sabemos que os recursos e instalações podem favorecer ou dificultar práticas educativas voltadas para a infância, interferindo na construção da autonomia da criança e nos aprendizados. O momento é oportuno, pois estamos em ano de revisão dos Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil, que orientam a educação infantil no país. O documento para consulta no site do MEC(2024) e suas antigas versões alicerçam as nossas buscas por mais qualidade."

Para saber mais: Consulta MEC (observatorioei.org.br)