Elas querem é robótica! No segundo dia do torneio mulheres falam sobre representatividade - Escola Firjan SESI

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Regional 2022 / 2023 conta com a participação de 219 meninas, o que representa um percentual de 42%



A presença de mulheres em espaços que, até então, eram predominantemente ocupados por homens também é uma realidade na Robótica. Essa é uma das evidências da temporada 2022/2023, chamada Super Powered, do Torneio de Robótica FIRST LEGO League Challenge (FLL), realizado entre os dias 07 e 08 de dezembro na Escola Firjan SESI de Duque de Caxias. As 38 equipes de competição de diversas unidades da Firjan SESI, de escolas públicas, privadas, ONGs e equipes de garagem, apresentaram projetos a partir da temática “Como será o futuro da energia?”.

Foram apresentados ainda 38 projetos científicos, que oferecem alternativas para o uso da energia, além da famosa competição de robôs feitos com peças Lego. Na quadra da Escola, onde ocorreram as disputas entre robôs, a presença feminina foi marcante na segunda-feira, dia 07. Dados da produção do evento apontam 219 meninas atuando como juízas ou membros das equipes. Uma delas foi Íris França Martins, de 18 anos, convocada para contribuir como juíza de arena.

Quando tinha apenas 13 anos, ela estava assistindo ao programa Turma da Robótica, no Canal Futura e percebeu que a Firjan SESI era uma grande incentivadora do ensino da robótica nas escolas. Imediatamente, a menina de São Gonçalo se encantou pela área e, dois anos depois, em 2019, se tornou aluna da Escola Firjan SESI de sua cidade.

Imediatamente, participou do processo seletivo da equipe de competição Fênix, onde ingressou com certa insegurança. “Pensava se eu era capaz de estar naquele grupo. Até que fomos premiados no torneio regional, em 2020, e, posteriormente, na competição nacional. E eu estava lá, a única menina, em cima do palco, recebendo o troféu, cercada por meninos”, lembra Íris.

A história de Íris se confunde com a de muitas mulheres que buscam as ciências exatas. Desde o receio da família pelo interesse da filha em uma equipe de competição de Robótica na Escola Firjan SESI São Gonçalo até a escolha pelo curso de Engenharia de Materiais na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o qual a menina está cursando no momento, os desafios de driblar a visão de que este é um universo exclusivamente masculino são muitos.

No entanto, agora, Íris, atuando como juíza na FLL, celebra o contato com outras tantas meninas. “Noto que temos muito mais garotas atuando dentro das arenas e não somente na área de pesquisa. Isso é motivo de grande comemoração”, destaca.

Super Power feminino entre as equipes de competição

Coordenadora de Educação Básica da Escola Firjan SESI São Gonçalo, Marcília Coutinho Picanço conta que a primeira geração de equipes de robótica na unidade data de 2017. Ela reforça a fala de Íris ao relembrar que os times eram compostos, em sua totalidade, por homens, mas que a presença de uma técnica transformou um pouco essa realidade. E foi Simone Caires, atualmente analista da gerência de Educação Básica da Firjan SESI, quem assumiu esse papel. “Ela nunca havia trabalhado nessa área e atuou de forma muito corajosa. Essa experiência da Simone como técnica, contribuiu para que, hoje, possamos ter times compostos totalmente por meninas e para que a maior parte das três equipes que trouxemos, neste ano, na FLL seja de mulheres”, acredita Marcília.

A coordenadora de Educação Básica da unidade São Gonçalo enxerga as meninas muito mais empoderadas. “Esse movimento de mostrar para as mulheres que elas podem e devem estar onde quiserem é fundamental e tem dado muito certo. O que observo, na escola, é que as meninas têm assumido forte liderança sobre os meninos e estão muito mais corajosas”, ressalta.

Se a palavra é coragem, Sara Dutra, aluna do segundo ano do ensino médio e do curso técnico em Mecânica da Escola Firjan SESI Volta Redonda, de 16 anos, pode representar a fala de Marcília. Sara escolheu o curso de Mecânica por conta de seu interesse em trabalhar como oficial do Exército Brasileiro e de se formar na área de material bélico. Foi nesse espaço que ela conheceu as equipes de Robótica, com quem começou a elaborar projetos e a se interessar por pesquisa e programação.

Sara é uma das cinco meninas que fazem parte da equipe Safira, composta por nove membros. “A participação feminina, no nosso grupo, é muito forte. Minhas colegas, a Samara e a Julia, estão na mesa, dentro da arena, e também fizeram toda a parte de programação. Outras estão na parte da pesquisa. Todas nós estamos super entrosadas para conhecer todas as etapas de criação dos robôs”, afirma a estudante.

Salas de aula são espaços de formação sem preconceito

Marcília aponta que a sociedade, de maneira geral, exalta a Matemática, a Física, a Robótica e uma série de disciplinas relacionadas às Ciências Exatas como espaços masculinos. Para ela, é importante que professores e professoras cheguem às salas de aula oferecendo o conhecimento despido de qualquer tipo de preconceito. “É preciso eliminar a ideia, acabar com esta barreira de que os homens têm mais facilidade nas Exatas. A produção de conhecimento não pode ter nada a ver com gênero”.

É no também acredita Jéssica Moreira Gherin professora de Matemática e Projeto de Vida da Escola Firjan SESI Petrópolis. “Escolhi a Matemática e a Robótica para desmistificar os fantasmas que a sociedade cria sobre as Ciências Exatas. A premissa de que a Matemática é difícil e não serve para as mulheres é algo que, inclusive, vem de dentro de casa. Faço questão de ter contato com as famílias para transformar essa visão”, conta Jéssica.

Ela é uma das juízas que avalia trabalhos de iniciação científica apresentados na FLL. “A premissa da FIRST é a inclusão. E é isso que queremos para a sociedade. Um mundo ideal, onde haja a inclusão das mulheres e de todas as crenças, saberes e inteligências”, reforça Jéssica, que ainda faz questão de finalizar sua fala dizendo que “a escola não é feita de fórmulas, mas ela existe para ensinar às crianças a viver e a se tornarem cidadãos e cidadãs melhores”.

E parece que o ensino da Robótica e as experiências vividas dentro e fora de salas de aula têm transformado a vida de alunas como Íris e Sara. “A palavra que resume a Robótica, para mim, é aprendizagem. Aprendi sobre uma Sara que eu não conhecia ainda, que consegue fazer programação, pesquisa, apresentar trabalho, ajudar nos bastidores”, finaliza Sara, calçada com a mão de um robô e pose de campeã.