Durante o trabalho, os alunos puderam homenagear grandes personalidades que lutaram e lutam contra o racismo
No mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra, foi a vez dos alunos da Firjan SESI de Jacarepaguá se juntarem aos eventos de comemoração. Os alunos do 2° ano do Ensino Médio apresentaram seminários ao longo da última semana em homenagem a diversas personalidades negras que contribuíram para o combate ao racismo. Tivemos uma conversa com o professor que idealizou o projeto, o professor de inglês Caio França. Confiram a nossa entrevista:
Yonara: Como surgiu a ideia desse trabalho, professor?
Caio: Eu queria que os alunos conhecessem figuras importantes do combate ao racismo nos países que falam inglês, em especial os países que também sofreram a experiência da colonização como o nosso. Entrar em contato com seus discursos, suas obras e, especialmente, com os significados que eles deram às suas de vida ao pautarem a luta antirracista. Uma preocupação que também tive foi propor um trabalho que não se resumisse somente à história da violência. A história da violência infligida na população negra é a regra, esteve e ainda está em todos os lugares. Isso todos nós já conhecemos. A proposta era trazer para o trabalho as histórias das pessoas que de alguma forma se insurgiram contra essa violência.
Y: E quem foram essas pessoas?
C: Teve um pouco de tudo (risos). Trouxemos para o trabalho desde as figuras históricas dessa luta, como Martin Luther King e Nelson Mandela, até nomes importantes que estão travando essa luta agora, como Donald Glover e Chimamanda Adichie.
Y: E o que os alunos acharam do trabalho? Como eles reagiram?
C: Eu acho que eles adoraram. Alguns inclusive propuseram temas que eu não havia pensado. Queriam falar sobre a Beyoncé, sobre o movimento "Black Lives Matter" e sobre outros tantos, entre influencers e rappers que eu nem conhecia (risos). E isso para mim revela duas coisas. A primeira é que essa temática desperta um grande interesse na juventude de hoje, diferentemente do que, suponho, aconteceria na minha época de escola, por exemplo - e olha que nem faz tanto tempo assim (risos). E segundo que os jovens têm esse anseio de desempenhar um papel mais ativo na escolha curricular, o que estudar, sobre o que falar... Eles querem ser ouvidos. Isso traz uma força muito grande para a escola e para a aprendizagem. As escolas de hoje não podem mais fechar o ouvido para isso.
Y: Professor, na sua percepção, qual foi o maior aprendizado resultante desse trabalho?
C: Que pergunta difícil (risos). Bom, talvez tenha sido desmitificar um pouco a ideia de que pautas identitárias devam ficar circunscritas somente às pessoas que pertencem a esses grupos. Ou seja, se quisermos construir uma sociedade democrática e racialmente justa, é preciso que brancos e negros estejam juntos nesse processo. Creio que essa é a única forma de obtermos sucesso. É um dever de todos lutar por uma sociedade melhor. Com isso não tenho a intenção de apagar o protagonismo das pessoas negras, longe disso. Mas apenas chamar atenção para o fato de que juntos será muito mais fácil mudar as coisas. Veja, eu sou um professor branco, e acredito que com esse trabalho tenha contribuído de alguma forma para que os alunos, brancos e negros, tomassem maior consciência da realidade racialmente desigual aqui no Brasil e em outras partes do mundo.
Y: Parabéns pelo trabalho, professor!
C: Obrigado! Foi um prazer. Eu que gostaria de deixar meu agradecimento aos alunos. Foram eles que fizeram a maior parte do trabalho (risos). Eles foram sensacionais.